segunda-feira, 21 de agosto de 2023

O Segredo de uma boa soldagem em eletrônica

Você nunca deve esquecer que a solda não adere a superfícies frias.

Eis o segredo de uma boa soldagem: todos os pontos a serem soldados precisam ser aquecidos à temperatura de fusão da solda. Isto quer dizer que a solda enquanto está sendo aplicada deve derreter-se, não somente quando em contato com a ponta do ferro, mas também ao ser encostada em qualquer dos terminais das peças que se está soldando.

Para conseguir o aquecimento adequado de todos os pontos a serem soldados, observe as seguintes regras:

— Procure colocar a ponta do ferro em contato direto com todos os terminais ou superfícies que deverão ser soldados, inclusive o filete ou trilha, quando for o caso de soldagens em circuitos impressos (figura 1).

A ponta do ferro de soldar deve tocar todas as peças, inclusive a trilha.
Figura 1 — A ponta do ferro de soldar deve tocar todas as peças, inclusive a trilha.

— Inicie a operação de soldagem derretendo um pouquinho de solda entre a ponta do ferro e esses terminais, ou superfícies, para facilitar o perfeito contato térmico e uma rápida transferência de calor da ponta do ferro para os terminais. Para isto, você poderá, no começo, encostar o fio de solda diretamente à ponta do ferro, por um rápido instante, apenas.

— Durante a soldagem, encoste a ponta do fio de solda nas peças e não na ponta do ferro (figura 1).

Não esqueça que a tendência da solda é aderir somente às superfícies suficientemente aquecidas (ao ponto de fusão da solda). As partes menos quentes vão ficar apenas recobertas pela solda, não havendo, assim, a perfeita aderência indispensável à firmeza mecânica e a condutividade elétrica ideal. A isto chamamos de "solda falsa" ou "solda fria".

— Use dissipador térmico entre os pontos da soldagem e o corpo das peças, quando se tratar de componentes muito sensíveis ao calor como: transístores, diodos detectores, capacitores de poliestirol ("styroflex"), capacitores de poliéster não metalizado, etc. Assim, você poderá demorar um pouco mais nas soldagens, sem estragar os componentes.

Apesar de serem necessários cuidados com o aquecimento excessivo de certas peças, lembre-se que no final de uma montagem é preferível ter um ou dois componentes danificados, que serão facilmente localizados e substituídos, do que um aparelho que apresentará "eternos" problemas de mau contato, defeitos intermitentes, perda de rendimento em altas frequências, etc, como resultados diretos de soldagens imperfeitas.

Nota: o dissipador térmico de que falamos pode ser uma garra-jacaré presa ao lide do componente sensível ao calor, entre o ponto de soldagem e o corpo desse componente, de forma a absorver a maior parte do calor que se propaga pelo lide para o corpo do componente. Obtém-se também esse efeito de dissipação simplesmente segurando-se o lide com o alicate de ponta.

Como reconhecer uma boa soldagem

Normalmente é possível determinar a qualidade de uma soldagem pela sua própria aparência. Nesse sentido, seria ótimo se você pudesse olhar "por dentro" um aparelho eletrônico qualquer, de boa marca, ou seja, que tenha sido montado de modo correto. Assim, você poderia comparar as soldagens que faz com as de um montador profissional, procurando imitá-las.

A comparação e imitação sugeridas podem ser feita observando os desenhos que passamos a apresentar nas figuras 2a, 2b, 2c, 2d, 2e, 2f, 2g e 2h e que você deve analisar cuidadosamente.

Modos corretos de soldagem.
Figura 2 — Modos corretos de soldagem.

Finalmente, procure testar cada soldagem duvidosa, forçando-as com a ponta de uma chave de fenda pequena, conforme ilustramos nas figuras 3a e 3b.

Verificando a soldagem.
Figura 3 — Verificando a soldagem.

Como fazer uma "dessoldagem"

"Os sugadores de solda" são ferramentas especiais para esse fim, mas na sua falta, há uma forma simples de retirar a solda: você segura o chassi com uma das mãos e o ferro de soldar com a outra. O ferro de soldar deve estar numa posição próxima da vertical. Logicamente o cabo estará voltado para baixo. Encoste a ponta do ferro no ponto de onde quer retirar a solda, mantendo a posição que acabamos de descrever e que pode ser vista na figura 4.

Dessoldagem.
Figura 4 — Dessoldagem.

Nesta posição, quando a solda se derreter, naturalmente ela vai escorrer para a ponta do ferro esvaziando o ponto da soldagem. Dependendo da quantidade de solda existente no ponto, talvez você precise interromper a operação e limpar o excesso acumulado na ponta do ferro, para depois voltar ao trabalho de dessoldagem.

Quando no ponto da soldagem existe um furinho que precisa ser desimpedido, sopre fortemente através dele imediatamente após retirar a ponta do ferro, antes que a solda endureça.

Ruídos no ferro de soldar

Se o ferro está esquentando normalmente e se os estalos não estão acontecendo quando ele é movimentado (o que pressuporia a existência de contatos intermitentes entre os polos da rede, dentro do ferro) você não tem com o que se preocupar.

Lembre-se que na fabricação costuma-se aplicar às partes metálicas do ferro de soldar uma substância contra a ferrugem, que geralmente é um verniz ou tinta apropriada. É justamente essa substância que, quando aquecida, começa a ser vaporizada produzindo os estalos ou ruídos de fritura, fumaça, etc. Depois de ligado alguns minutos, isto cessará, e o seu ferro não vai lhe dar mais sustos.

Leia tambémSolda para Eletrônica: Ligas, Ponto de fusão e Aplicações

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